domingo, 22 de abril de 2012

Parem, corpos

Pare! Pare de bombardear tão rápido. Pare de espalhar tanto sangue. Pare d acelerar tudo! Agora as pernas balançam, unhas vão á boca, lá se vão cutículas e unhas cortadas de maneira primitiva. Eles não aguentam mais fazer barreira nesta cachoeira. Os olhos viraram pedras submersas.
Parem! Parem de tentar fazer tudo rápido. Parem de se auto destruir. A lamina chega nas árvores cortando suas folhas e galhos de maneira avançada. As barreiras não estão aguentando segurar. A natureza foi mais forte. O homem virou as pedras submersas.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A menina que perdeu a vida

Tinha muito para pensar. Tinha muito para falar. Tinha muito para protestar. Tinha muito para escrever. Tinha revolta, mas as palavras não vieram, ficou tudo em sentimento sem ter o que definir. Ficou no silêncio, isso não a incomodava, estava bem em seu mundo confortável. Não tinha mais a voz, ela queria falar, mas sumiu.
Primeiro não se conformou, queria falar, tentava, tentava, mas nada de sua cabeça vinha, nada de seus pensamentos saía, nada de útil, nada que foi feito dentro dela, só coisas que colocaram nela.
Depois começou a aprender a viver a vida sem voz, a vida sem expressão, nem se incomodava tanto quando antes, estava tranquilo, mas ainda pensava, ainda existia, ainda era humana. Não tinha voz, mas tinha ações e com pequenas coisas foi colocando o que pensava em prática.
Um dia não conseguia mais falar nem agir, se debatia, gritava alto para provar que existia, que pensava, que ainda estava ali. Mas ninguém entendia, falavam:
- Seja civilizada, fale como um ser humano.
Até conseguia, mas não era o que queria, queria ser humana, queria falar o que pensava, queria mudar o que não estava dando certo.
Com o tempo se conformou, entrou exatamente no estilo de vida que queriam. Se conformou totalmente. Voltou a falar, aquilo que a mandaram e ensinaram que era o certo de se falar. Voltou a agir, agir no seu trabalho, na sua vida como todos os outros. E estava lá, já adulta, pensar já não importava. Poderia até pensar, mas o que pensava era algo humano, civilizado.
Vendo o jornal se queixou de que as ruas estavam muito violentas, e sendo uma pessoa civilizada, estava reclamando da violência das ruas enquanto apoiava o seu país que estava em guerra. E apoiou, e pensou e concordou.
Esse é o jeito civilizado de ser.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Janela

Sempre gostou de janelas. Cada vez mais gostava, foi ficando mais velha foi começando a sentar no mármore. Cada vez se sentia mais livre. Sempre pensava em sair. Andar pela rua cheia de árvores, seguir o sol que não para de brilhar. Não queria ligar para nada, queria se refugiar, no fundo gostava de ficar sozinha, no seu mundo das energias positivas. 
Gostava de fugir de vez em quando, sentir o sol da janela batendo em seu rosto. Dançava com o maracatú que tocava ao fundo. Sempre amou a janela. A janela que a prendia lhe dava a sensação de liberdade.