sexta-feira, 12 de outubro de 2012

look

Este tecido preto que cobre minhas vergonhas. Este roxo os meus desapontamentos. Este olho, as tristezas.
O olho é engraçado, tão belo e tão malvado, conforme tudo ele muda. Me escondo através de olhos e roupas.
Meu corpo diz quem eu sou? Os outros dizem quem eu sou ou sou eu que digo quem eu sou?
Esta palha protege minhas bases, o plástico roxo me direciona. Esta roupa elástica que me  envergonho em meu casco dançarino.

Fingimento

A secura da garganta vai dominando a fala, vai contaminando, o seco amarga o texto, o vermelho cobre o papel. O mel que finge adoçar com a pontada que uma abelha pode dar.
Os disfarces da vida, o fingimento que finge ser bom, o texto que finge ser poesia, a dança contemporânea que finge ter mensagem, os protestos que fingem ter causa, os sentimentos que fingem ter lógica, os sonhos que fingem ter motivos.
O instinto do homem, o fingir, os ataques, os primatas, neandertais, tanto faz. Fingimos que classificamos para o bem, fingimos que ajudamos os outros, fingimos que nos importamos enquanto apenas somos peças de um mesmo jogo, cada um com o seu jeito de ganhar, mas todos tem a sua missão, podemos fingir ou não. Fingir que não fingimos ou apenas fingir para fugir.

A menina que não sabia sorrir

- Eu não sei mais sorrir. - Falou a menina.
- Como? - A amiga não entendeu.
- Eu não sei mais sorrir, não sai, eu não consigo. Não estou triste, só não sei sorrir. É tanta coisa ruim...
- Se acalme, ainda existem coisas boas.
- Eu sei, e eu estou feliz. Quando vejo algo bom me alivio, mas não fico feliz. Quando sonho, me sinto feliz, estou quase sorrindo e acordo. Quero sorrir, mas não consigo, ele sai feio e forçado. - A menina começou a chorar.
- Se acalme. E quando vocÊ vê algo bom?
- Quando sinto a brisa do vento, quando vejo o sol e a natureza, quando vejo alguém legal, quando a alegria se instala em mim, um sorriso falso, dolorido e amarelo não é suficiente para mostrar o que sinto. Quando eu quero sorrir eu escrevo.
Quando a menina terminou de falar seus olhos estavam brilhando e mais um conto estava pronto.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Tempo de mudança

Novos rostos, novo grupo. Solelim de novo. É...
Talvez conhecer o novo seja pior do que se separar do atual. Ainda não caiu a ficha. Olá, novos amigos, olá novas pessoas. O mais estranho é ver a ansiedade dos outros com o desconhecido. Eu já conheço e até fujo  .
Um novo lugar. De 84 para 89, já passei por isso, vou passar de novo, não sei explicar. Talvez me separar do meu grupo não seja o pior, mas ser incluída a força num lugar que não é meu. Esse não é o meu grupo. Esse degrau que existe entre nós é do tamanho de um muro, não quero ir para o outro lado, demorei tanto tempo para subir e agora parece que foi tudo em vão.
Por que fingimos que nada ia acontecer? Esses rostos são tão estranhos para mim, é como estar de penetra numa festa e ainda chegar no meio. Não sei o que falar, mas fico muito desapontada e triste.

Desculpe pelo texto tão específico que poucos irão entender e nada poético, mas para quem para de escrever, usar a folha como um amigo para desabafar é o primeiro passo para volta.