sábado, 21 de dezembro de 2013

Perdida

Me olhe,
Mas não me veja
Goste de mim,
Mas não pene.

Me toque,
Mas não me sinta
Me esconde,
Mas não me procure.

Me encontre
Que te conto
Se me encontro.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Inutilizar-te

Por toda parte
Arte.
O traço
Parte.

A inútil arte.
Como o artista
Inutilizar-te.
Por tudo arde.

O poeta cria
Inutilidades.
E usa
Criatividade.

Fala.
Letra.
Palavra.
Som.

Sou engenheiro
De pensamentos.
Sou inutilidade
Da arte.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Um sorriso

Me deu vontade de escrever um texto que deixasse as pessoas felizes. De sorrir para todos que passarem na rua e sempre transmitir uma energia positiva. De colocar flores das casas das pessoas, de entrar em ônibus, recitar uma poesia e descer. De puxar papo com estranho. De ver as pessoas sorrindo. De fazer o que me pedirem.
De alegrar sem ter nenhum compromisso ou algo em recompensa além do meu próprio sorriso. De ver criança correr atrás do moço do algodão doce, o cachorro abanando seu rabo na grama, de ser igual palhaço que mostra a sua desgraça para que os outros sejam felizes enquanto o circo dure.
Sem vender nada, apenas doar, doar alegria.
E assim termino esse texto sem nenhum propósito além de compartilhar a minha vontade de ver pessoas felizes.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Parar de correr e aprender a andar

Corria, corria. Quando criança corria para se divertir, mas agora estava fugindo. Estava com tanto medo que  sentia medo de sentir medo. Mas do que sentia medo?
Desde que perdera sua mãe sentia medo de não lidar com suas dificuldades e como de tudo tinha medo, tudo era uma dificuldade.
Não era ambiciosa, pois tinha medo de ser invejada, não amava, pois tinha medo de brigas, vivia sozinha e acuada.
E ali correndo naquela rua, fugindo de suas responsabilidades passou por um cruzamento. O mesmo cruzamento que dava no hospital onde sua mãe morrera, bem ali, há dois anos atrás, ela, o medo e a dificuldade se encontraram.
Agora com seus pensamentos embaralhados, correndo, parou, deu a volta e retornou para casa. Voltou a pintar um quadro que parar há exatos dois anos e aceitou a dificuldade se der artista. Em todos os quadros desenhava de alguma forma a sua mãe que como uma musa, está zelando por sua amada filha.

*O título faz menção á uma música de Teco Martins.

domingo, 17 de novembro de 2013

Traçado II

Traço o meu traço
Traçado no passo
Preso em um compasso
De um pedaço, te caço.

Caço a minha caça
Caçada na casa
Preso na jaula
E passa.

Traço, te caço.
Casa, você em jaula
Minha, meu.
Caça traçada.

sábado, 9 de novembro de 2013

Traçado

Reconheço o meu traço torto
Traçado na mesa
Um sentimento morto.
Mas um traço com beleza.

Reconheço meu traço torto
Traçado no peito.
Pequeno, sentimento broto
Deitado em seu leito.

Jaz aqui um traço torto
Apagado na mesa.
Já quase esboço de sentimento.
Traçado e acabado pela limpeza.

sábado, 19 de outubro de 2013

Surto

Primeiro só queremos falar, mas vão nos reprendendo e colocando para baixo, até que quando rebaixados o suficiente nos calamos.
E então surtamos e só queremos gritar, os loucos são os que falam, mas não podemos gritar, nossos gritos são convertidos em lágrimas mudas, para que ninguém possa ver que surtamos.
Até que uma coisa horrível acontece, algo que tememos e esperamos, para que podemos gritar e chorar e todos aceitarão ou fingirão que aceitarão a nossa loucura.
Em terra de "normal" quem assume, fala, grita e chora é louco, os que deixam de se esconder são os loucos.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

S.Ó.S

S.O.S estamos sós.
Só pensamos no eu.
Mas falamos em nós.
Só pensando no que é seu.

Socorro, nós existe?
Seria legal pensar em grupo.
Mas esse individualismo persiste.

A gente existe?
Gente existe?
Ou só existe a gente?
Só pensamos em nossa própria mente.
Mas seres humanos somos nós.

S.O.S estou só.

sábado, 7 de setembro de 2013

Transformador

O corpo quente
realização da mente.
Felicidade em harmonia
Transforma tudo em poesia.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Quando a saudade aperta

Quando a saudade aperta você sente, você sabe que seu coração tá pequeno e que você gostaria de estar com essa pessoa, e meu Deus, ela tá a 1.125,13 quilômetros de distância.  Sim, eu pesquisei. Eu queria ouvir um bah bem alto e depois ela falando "Ele falou isso pra ti?" Essa segunda pessoa com erre puxado e uma cantilação inconfundível.
Ai, queria estar com a minha amiga que tanto importa pra mim e queria ensiná-la a ouvir funk descente, funk carioca, nada de funk do Sul. Rir das bobeiras e claro fofocar. Tentar imaginar como é a Redenção, a comida, as pessoas, o frio que não se compara enquanto você conta como se fosse a tua casa.
Muita, mas muita saudade de ti, guria.
Enquanto você rouba a minha carioquês, eu roubo a tua gauchês, já me perguntaram se eu era gaúcha esse mês. Mas é assim, amigas pegam o jeito de falar uma da outra. É interessante como a gente gosta de pessoas que moram longe, e por mais que sejamos tão diferentes e de mundo mais ou menos diferentes me sinto interligada á você de um jeito estranho.
Esse foi o meu jeitinho estranho de contar como eu estou com saudade e como você é importante para mim.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Exílio do Barraco

Minha terra tem costureiras
Que estão a trabalhar;
As mulheres que aqui trabalham
Não trabalham como lá.

Minha terra tem horrores
Que não voltaria a encontrar
Aqui trabalho dia e noite
Mas comida não encontro lá.
Minha mãe é costureira,
e está a trabalhar.

Não permita, Deus, que da pobreza morram
Antes que minha mãe possa encontrar,
sem ver meu irmão sozinho a assaltar
Sem que eu aviste as mulheres
Que continuarão a trabalhar.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Amor de boneca

Criança apaixonada, por que teus olhos brilham tanto?
Quem te causou tamanho encanto?
Diga-me, criança apaixonada!

Comigo carrego a esperança
Foi alguém?
Que te encantou com a dança?

Quem é? O que é?
É você mesma, criança?
É por sua boneca?

Ai criança,
que cansaço,
Vamos voltar para sua soneca?

Coragem

Tenho medo, vivo do medo. O compro e o vendo. A vida inteira com medo. Medo da morte, da vida, de dormir na hora errada, de acordar e me arrepender.
Tenho medo de julgar e ser julgada. Quero ser feliz, tenho medo e não ser e não saber. Somos livres para fazer as escolhas que quisermos, e se estou escolhendo a errada? E se durante a minha vida eu escolhi tudo errado?
Meu corpo é um casco onde escondo as minhas incertezas, que são feitas de medo, assim como a coragem.
A coragem é dizer "oi" para o medo e tentar viver com ele, até ele ficar pequenininho. E te tirar da cama chovuso no domingo chuvoso e te fazer ter certeza.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

lua

O lua, tu que és tão linda
ó lua, tire-me daqui,
E leve-me a ti.

Lua, lua, lua
Lia, lia, liam.
Que palavras lindas elas escreviam.

Olhando a lua.
Tão linda,
Linda de ver e escrever.

Ai, lua,
não vês que estou apaixonada?
Então, venha aqui lua, venha.
E acabe com a alma desapontada.

A menininha de chorar

Era uma vez, uma menina que sonhava em ser poeta. Passava todos os segundos contando letras, decorando palavras novas. Buscando em seus sentimentos tudo que poderia transmitir, transbordar.
Seu maior sonho era que chorassem enquanto lessem seus poemas. Queria aparecer, sim, queria aparecer. Era um insaciável desejo por carinho. Queria ser elogiada, adorada, ter um nome, ser amada.
Um dia tomou coragem, sentou em sua mesa e procurou o maior número possível de palavras difíceis. Procurou todos os seus sonhos, desejos e medos.
Nunca escrevera poesia antes, mas já poetizara. Já era poeta. Escreveu, apagou, escreveu. E juntou o pozinho da borracha com suas ideias e passou para o papel. Pronto, encheu-se de orgulho. Ninguém viu, se importou e chorou além dela. Mas a partir desse dia a menininha sonhadora pôde se amar, junto com seus personagens.

domingo, 4 de agosto de 2013

Chat

Abro a conversa. Olho. Minimizo. Passeio pelo feed. Abro de novo, leio conversas mais antigas. Nossa, não devia ter dito isso, ai, esse dia foi muito legal. Começo a ler o texto que devo ler, não tô prestando atenção, desisto, leio os comentários, não quero. Olho aquela conversa, parada há quase um mês. Que saudade que eu tô. Quero perguntar, mas dá aquele medinho. Leio o texto, dessa vez consigo ler, bem interessante.
Vamos lá, a coragem tá quase vindo, lembra que ele vivia me dando conselhos, quando um era importante para o outro. Por que deixamos de ser? Por que agora parece que somos pessoas de mundo diferentes? Ei, eu quero falar contigo.
Todos esses motivos parecem válidos, então por que eu tô aqui só olhando o chat? Será que tem mais alguém interessante online? Eu quero falar com ele, mas ele quer falar comigo? Vem coragem, vem coragem, vem coragem.
Ela me toma aos dedos. Foi, parece um alívio, mas será que ele vai responder? Por que ainda não visualizou? Espera, espera, espera.
Ele responde, comemoro. Agora é só esperar fluir, ou inventar uma desculpa boba. Não, vamos deixar fluir, vamos fazer diferente dessa vez, até porque as coisas não se repetem e é claro, para fazermos um novo fim, já que estamos começando um novo começo.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Eles passarão, eu passarinho

Quando era pequena estudava em uma sala com janelas e era tão interessante, as aulas não me importavam mais, a vida estava lá fora.
Imaginava a vida de cada pessoa que passava naquela rua, de cada morador do prédio em frente, a árvore, o pombo, o beija-flor, o fio, as pessoas trabalhando, empregadas com cachorros, professores fumando, carros de funcionários, a chuva.
A a chuva, quando chovia era impossível prestar atenção, o frio, a chuva, o seu barulho batendo na janela, a preguiça.
Imaginava o dia em que seria livre, que moraria sozinha, que não teria mais que vir á escola.
Suas notas começaram a cair e todos os professores falaram "Continua olhando o passarinho, porque eles passarão e você passarinho."
E isso realmente aconteceu, um dia no meio da aula a menina diminuiu, diminuiu até virar um passarinho, ela de despediu da escola e dos amigos, foi até a janela e saiu voando, livre e se foi.
Gostava da escola, mas já queria viver, tinha seu ninho, ia para onde queria na hora que queria.
Mas até hoje em suas aulas preferidas ela aparece na janela e fica olhando a aula e vivendo a rua.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Mas uma de Nove de Julho

Você é importante
Sinto carinho por você
Como é bom te ver
Mesmo estando tão distante.

Pula coração
Pode saltar
Pode ser alegrar
Porque é afeição.

E desse afeto, desses oito toques positivos
O meu dia esta feito, nada de defensivos.

Estou apenas feliz
É possível?
Brincar de ser feliz por vezes?

Quando nos sentimos amados
Ficamos encantados
Apaixonados, como quiser.
Estou feliz e ficarei assim assim quando você vier.

Estou a esperar
Beijos pros que sorriram
Pois sorrio em conjunto
Parabéns pra vocês que me fazem sentir tão bem.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Porta Aberta

Tudo desabou, pensava, mas se impedia de sonhar, até que descobriu que as coisas poderiam dar certo.
Se permitiu sonhar, sonhar alto, estava histérica, mas estava feliz, pela primeira vez dormiu o suficiente para sonhar por três dias seguidos.
Sonhou como se ele fosse a versão compacta de todos, de todos que sempre desejou e nunca possuiu, imaginou todas as cenas possíveis, como todos os garotos, todas as suas qualidade.
Acordou do sonho e reparou que era apenas um estranho, apenas um Cara-Gato. Um Cara-Gato, atrás de uma porta, um quadro vivo, um sonho que virou verdade e de verdade virou mentira e mesmo que sonhos sejam feitos de mentiras, quando elas não sou verdadeiros são apenas pensamentos.

Libertar-se é Preciso

Nascera achando que teria liberdade saindo de uma barriga que ficara presa por nove meses.
E foi crescendo e ouvindo "não" e cada vez engolia mais suas vontades e as deixava cozinhando como um bebê na barriga.
E nesse anseio por liberdade ia se perdendo com sua imaginação na cabeça, e sentia vontade de gritar, de fugir, de ir morar em seu mundo, mas quando abria a boca era para dizer "Tudo bem".
E com esse grito mudo, saía de casa, ia tentar achar essa liberdade onde ninguém poderia achá-la.
Primeiro era o cinema, mas o celular a achou. Foi então até a livraria e lá ninguém poderia vê-la ou ouvi-la, ela podia gritar em silêncio e o fez e lá permaneceu, infinita, livre, até a hora de voltar para casa.

Texto de:26/06/2013

terça-feira, 18 de junho de 2013

Mentiras de Verdade

Começou com um traço, quem sabe começaria um texto, começou uma ficção que na verdade acontece em sua vida, convertida em mentiras.
Essas mentiras que escrevia para fingir que fugia dessa realidade. Para fingir que seus olhos ficaram claros, que mais nada poderia ver além de seus próprios pensamentos.
Mas a realidade é que ninguém a via, não como ela se via pelo menos. Não era pura e nem tentava ser, sabia que não se casaria de branco, mas via a sua entrada na igreja.
Era capaz de qualquer coisa para que seu sonho se realizasse. O nome disso? Paixão. Poderia chorar, mas ela estava decidida de que não iria mais sofrer.
Estava convicta, ela faria isso. Iria até á casa de seu amor, o buscaria no quinto dos infernos para lhe beijar. E assim realizou seu sonho colocando um ponto final em seu texto, mas deixando a tristeza contínua, até que algo ou alguém dê um ponto final a ela, junto com sua vida.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Fim de semana

A ideia sumiu, foi embora, corri atrás dela, vasculhei toda a minha mente embaralhada. Procurei em todos os meus pensamentos, ih, acho que acabei de achar, quando você pensa o pensamento permanece em sua mente.
As ideias podem fugir, mas estão na mente, ideias são infinitas, assim como as lembranças.
Como a lembrança da Praça, do carnaval, do feriado, daquela festa, daquela praia, dos passeios de bicicleta, da briga, do unfriends.
Tudo acaba, hoje á noite somos infinitos, somos fortes, a força é maior.
Hahaha, o segredo do teto, descobri, achei a felicidade numa caixinha.
Passou. Não sou mais livre, não sou infinita, estou sozinha, me preparando para voltar ao mundo. Ainda bem que era sexta e sábado eu sou livre de novo. Domingo passa gostoso, calmo, feliz.
E segunda eu volto para a minha caixa digerindo todo a felicidade de ser livre por três dias.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Manequins

Que lindos corpos, que lindos corpos iguais, perfeitos, fazendo jus ás roupas que usam . Aqueles corpos deixam as roupas mais bonitas.
São mulheres perfeitas, corpos perfeitos, sem rosto, iguais, sem falar, sem pensar, sem agir, são apenas uma linda foto em 4D, sem expressão, sem beleza alguma.
Que corpos feitos, todos iguais, sem expressão, falsas, inexistentes, apenas corpos com uma roupa bonita.
Pessoas sofrem por essa falsidade. E pensam "Queria ser linda assim." Assim, sem ser gente. Apenas um sonho ou um pesadelo.  

domingo, 28 de abril de 2013

Para o mundo

Pára o mundo que eu caminhando por aí encontrei a felicidade. Ela pulou em cima de mim e não quis largar. Eu dizia que ela se quisesse não precisava ficar comigo, que eu tinha muita coisa pra fazer, não ia ter tempo pra ela. Mas ela insistiu tanto que eu deixei.
Antes era estranho, sempre feliz, sempre sorrindo, era difícil algo me abalar, chegava a irritar.
- Sai daqui! Vai pra outra pessoa, vai-te embora não tem nada que te agrade para que fiques aqui.
E ela foi, sem lutar, sem nada.
A encontrei de novo, foi estranho, como um amigo que não se vê a muito tempo. Mas agora quando a chamo pelo nome ela vem e sempre que a chamo ela responde e a felicidade é tão grande que eu saio do mundo e por isso, pare o mundo que só existe a felicidade.

domingo, 10 de março de 2013

A real expressão

Quero dançar o medo, quero dançar o que sinto, quero dançar o nervosismo, quero falar aquilo que não vem em dicionário e não ensinam em escola.
Quero dançar aquilo que não se aprende, quero dançar o que não posso, subir num palco e falar o que não devo, quero gritar. Quero deitar no chão e ficar lá, quero falar de alguma forma aquilo que não se materializa.
Não posso, apenas relaxo e procuro palavras bonitas que se aproximem do que sinto. Quero ser artista pelo simples fato de falar o que não devo e todos acharem bonito. Quero ser artista para poder falar sem que me entendam, que ouçam o meu grito e nunca saibam seu motivo, quero ser artista para poder aprender a real língua do ser humano.
Quero aprender a língua que ninguém inventou, que não analisam, a língua que somente te entender e te ouvem sem se importar com significado, só se importando com a intonação dada á língua, ou seja, a expressão por debaixo de tanta etiqueta.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Quem é você

Oi, meu nome é Rebeca, gosto de MPB, dias de sol, da Ligya Bojunga, de Vermelho Amargo, Feliz Ano Velho.
Quando olho o céu sinto que estou na cidade certa, amo o meu bairro.
Sou uma caixinha sonhadora, cheia de sentimentos, sou chorona, me apaixono e me apego facilmente. Gosto de coisas simples e antigas, que quando olho sinto uma paz.
Sou do dror, gosto de escrever, dançar e atuar. Amo muito o meu irmão. Sou amiga da Dorinha, fico irritada quando tentam se exibir para mim tentando tirar vantagens ou quando mudam suas palavras, me fazendo acreditar. Fiquei triste quando a Gê saiu do dror, gosto de artes. Tenho um carinho estranho e inesperado por minha escola.
Admiro pessoas de longe, mas sinto vergonha de falar com elas.
Sou judia, penso em morar em uma comuna, educar pessoas e ás vezes leves vontades de mudar o mundo.
Assim seria a maneira correta de me apresentar, mas se me pedissem para eu me apresentar, diria simplesmente:
- Oi, meu nome é Rebeca, quero ser atriz e escritora, penso em fazer letras para ser professora de literatura, estou cursando o primeiro ano do ensino médio e técnico em comunicação social .
E essa segunda resposta seria muito mais satisfatória.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Uma pequena nota

Vim aqui avisar rapidinho que enquanto as câmeras não me olham eu vou dar uma saída, vou alí sem lenço e sem documento, vou ser livre por alguns minutinhos, só andar um pouquinho, sentir um pouco o ar, sair da rotina. daqui a pouco tô de volta pra me filmarem.
Me espere pra jantar que eu volto, beleza? Vou só ser feliz por alguns minutinhos, ser eu mesma, daqui a pouco tô de volta, não se preocupem.
Se deixei meu celular em casa porque não quero me preocupar, quem me conhecer vai saber me achar, felicidades aí pra quem segue a tua vida.
Mil beijos, eu volta pro jantar, fiquem tranquilos, quando as câmeras voltarem a funcionar estarei de volta.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Alma revolucionária

Era uma vez uma menina, ela sonhava bem alto, chegava a ir no céu. Ela era tudo, bailarina, princesa, heroína, matava dragões, pulava de um sofá para o outro, penteava suas bonecas, era estilista, cabeleireira, professora, jogadora de futebol.
Quando tinha mais ou menos dez anos reparou que o mundo não a deixava ser assim, que ela não poderia ser tudo, ou o que ela quisesse, então queria mudar o mundo, fazer revoluções e ser tudo, mudar todo o mundo, todo mundo, e todos seriam felizes.
Ela que sempre se sentiu revolucionária, mas não podia fazer nada quando era criança e quando mais velha reparou que ela já poderia mudar o mundo, mas não se lembrava de suas revoltas, dos seus espantos, agora ela era só mais uma no mundo, só mais uma na sociedade, agora os outros que queria que ela mudasse.
E assim seguiu sua vida com vontade de mudar, mas sem saber o que nem como. Ela simplesmente havia se esquecido de como era bom ser bailarina, matar dragões e viver o seu mundo, ela havia se esquecido de como era ser criança e agora era apenas uma pessoa com diploma que ás vezes se lembra que já foi criança quando escreve um conto de fadas.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Fim

É, acabou o carnaval. Para cada um essa frase tem um sentido diferente. Carnaval é uma magia inexplicável. Fantasiar-se, sentir-se feliz sem motivo, pular nas músicas que não gosta. Todos são felizes, bailarinas, bruxas, fadas, borboletas, cozinheiros, minies, onças, palhaços, até o Pierrot que chora há anos pela Colombina.
Nos deram quatro dias para ser feliz, fazer o que quiser, sambar com estranhos, não se importar com sede, fome ou calor. Agora vamos voltando para nossas vidas, voltando a ser estudantes, professores, atores, médicos, profissionais, vamos voltando ao cotidiano.
Será que nas preocupações do cotidiano vamos lembrar daquele sorriso de carnaval, da estranha do cabelo esquisito que dança bem e que dançou comigo? Do cara que vendeu água mais barato porque era carioca? Será que vamos nos lembrar dessa felicidade? Desse amor guardado que o coração explode na maior felicidade nesses quatro dias? Da furiosa entrando na avenida? Do passista feliz do metro? Do bêbado cantando no ônibus?
É, acabou o carnaval.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O mundo da janela

Da janela o mundo é tão bonito. A paz reina de quem vê por dentro, eu não sei, não é o mesmo mundo da janela.
Daqui o mar parece chão que se movimenta bem devagarinho, barcos vem e vão, ás vezes algumas árvores somem e outras aparecem, mas as pedras, os prédios, os postes de luz, quanta coisa concreta. Os vejo desde que conheço essa janela.
Da outra posso ver pessoas caminhando, se me esticar vejo pedrinhas portuguesas, de um lado um prédio azul que dá vontade de demolir, do outro a torre de uma igreja e aqui bem em baixo a copa das árvores.
Mundo tão lindo daqui de cima, como se esconder, ver a vida de todos, da rua e ser invisível, sem ninguém te ver, sem estar vulnerável, alí no esconderijo de onde posso ver a todos, menos a mim, o que me faz sentir muito mais eu, sozinha e escondida.
Coitados dos que não tem uma parede com um janela, que sua janela é a rua e não têm onde se esconder, coitados daqueles que nunca poderão sumir por alguns instantes de suas vidas pela simples necessidade de viver e ser você mesmo.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Registro Geral

Nunca tive um número para me definir.
Nunca tive um código.
Nunca tive sobrenome.

Nasci de ninguém e hoje sou ninguém.
Quando os homens do governo vêm me bater me chamam de vagabundo.
Fico por aí procurando moedas que acham que não é dinheiro.

Um dia um amigo me falou
que homens que têm
número,
nome,
casa,
agasalho
vão ao banco para pegar dinheiro
o lugar ideal pra conseguir um almoço.

Sentei na porta do banco
As pessoas que faziam caretas
mas já estava acostumado.

Veio a polícia,
Com um cassetete na mão
me mandou correr

Fugi, e na semana seguinte
lá estava a polícia com um senhor branco
que tem nome e número
pedindo dinheiro enquanto tocava um violão.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Desabafo

Por um lado me sinto feliz por estar me sentindo tão livre, mas por outro a liberdade é tão grande que chega a dar vontade de chorar.
Estou cansada, estou exausta, mas não sei do que, acho que é de pensar, cansa muito, cansada de ter rotinas, compromissos, tarefas.
Queria um dia acordar livre, ter um espaço meu e fazer o que eu quiser, sozinha ou não, não digo que meu dia seria muito diferente, mas vou sentir que o que eu estou fazendo eu quero fazer e não que eu tenho que fazer.
Não sei se eu já fiz algo que eu quisesse, algo que que me sentisse livre e madura.
Tô cansada, não é muito a dizer. Quero deixar que as músicas cantem por mim, que os livros pensem por mim, que os outros falem por mim. Estou cansada das mesmices de sempre, ah sempre, por que sempre é tão repetitivo?
Viu, comecei a pensar, não quero isso, vou parar. Vou tentar ser livre com uma página.