quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Em caso de dúvida, chute D

To tão acostumada
desde sempre nos ensinam
como andar
o que falar
como me limpar
o que fazer
como ter sucesso na vida
como transar
como sonhar
como me amar
e enfiam etiquetas
hollister e marisa
goela abaixo e corpo a fora
como, engulo,
mas meu estômago revira e vomita esses valores falsos
sem valor
válidos como o real
notas, papéis e desamor.

O mundo destrói os sonhos
dos alienados em si
obrigando a concretiza-los.

Não é suficiente conhecer deus
é preciso provar sua existência
Não é suficiente sentir a gravidade
é preciso criar uma fórmula.
Existir não é suficiente
é preciso diagnosticar.

Cansei dos seus gabaritos
que se resume em cinco opções
cansei de aprender palavras
criadas para classificar palavras.
Deixe-me encontrar
o meu gabarito
formar minhas respostas
para que eu ganhe forma

Não preciso provar minha existência
ou meus sonhos
não peço desculpas por não seguir regras científicas
apenas existo no espaço
eu caibo em mim, perfeitamente
e cheia de imperfeições
não te culpo por não me entender
afinal como saber
se meus olhos veem os mesmos que você
já que te vejo, mas você não se vê.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Insônia de formiga

A formiga e a epiderme
Dormem
após um conto
de círculos sensoriais.

Eu já não fiz
já não dormi
Mantive os olhos fechados
na esperança de ver algo
sonhar
Na falsa tentativa
de naufragar em meu inconsciente.

Meu mar,
não preciso de barco
O passaporte foi cancelado
E o sonho se perdeu no embargo.

domingo, 9 de agosto de 2015

Luz

Palavra,
não se
cala

no sentido
contínuo
Onde continuo
a significar o que veio de mim.

Meu cérebro se torna ventre
de materna
nascente
Traz luz
nos cega e conduz

Ideia se forma
e deforma
no fim nada se forma.

domingo, 12 de julho de 2015

Adultos

Adultos sabem
espantar fantasmas e monstros
e fadas e borboletas.

Adultos sabem contar minutos
e não ficam sem pensar um segundo,
segundo um nome importante de adulto.

Adultos contam anos
leem jornais
e nem percebem que quando passa o ano
eles crescem.

Adúlteros
Traíram a infância durante a adolescência
proclamando o amor livre
e depois se casaram com a amante
formando uma linda família burguesa.

Adultos podem entrar no fundo na piscina
Mas quando mergulham só vêm cloro.

sábado, 6 de junho de 2015

Conectado

Não quero agradar o teu cérebro
Quero espetá-lo
Remexê-lo
Fazendo-o dançar

E dançando juntos
quem sabe
podemos entender nossos passos
E seguir a musica
que ouvimos diferente
Vamos completar nosso pensamento
E compôr um quadro
no espaço palco

Nosso amor é opaco
Nossos predicados
e sujeitos se encaixam
Afinal, quando queremos
somos um
e as cutucadas são
neurônios se ligando.

domingo, 3 de maio de 2015

A namoradeira

Namorando
a
Lua

Seduzindo
o
Sol

Seduzindo
o
Mar

Casada
com
a
Terra

A vemos
guiando a terra
o passo
em sua órbita
de compasso
apaixona
o sol
o mar
o chão
o passo
e nós
que a apreciamos
em sua luz
que nos filtra
que seguimos
que nos faz
querer viver
mas não nos
ilumina
ainda
minha
meia lua
atua
finge
foge
e se esconde
em um
eclipse

Presos em
um clips
e ela volta
num strip
nua
a Lua
á rua
come
e devora
nossos
olhos

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Pausa, o segredo do tempo.

Quero me perder no azul
Ignorar todo seu significado
Esquecer seu nome
Fugir da razão.

Tentei te analisar
mas apenas te sinto
como se fosse possível
tocar
os poros
a epiderme que cobre e cerca.

Poderia me aprisionar no breu
mas isso por uns minutos
apenas me faria ver
cores
sem sentir o mundo rodar
Me acostumaria
com suas notas musicais
com seu silêncio
e sua pausa.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Fritação

Dois corpos perdidos
em uma dança
girando como crianças

Brincando de equilibristas
em uma rede
Se jogando em um mundo
sem paredes

Sorrindo até cair no chão
Se amando sem dar as mãos

Queimando sem arder
Suando sem refrescar
Pulando sem pensar

Cabelos rostos corpos
flutuando com almas em devaneios
Olhos sem preocupações
Assim como o sorriso
dos bambolistas, pernas-de-pau
e das bailarinas que colorem nosso carnaval.

Plágios

No plural
Do que sou
Do que já fui
Do que já:
ouvi
senti amei

Dos genes
dos livros
das ideias
dos outros
da educação

A cada segundo
sou plágios de mim.

linha de produção de diplomas

Corta
fecha
passa régua

insere
aperta
embalado
formado
agora, etiqueta

domingo, 12 de abril de 2015

Autorretrato de uma lágrima





Nó nos olhos
Nó na garganta
Como seria o autorretrato de uma lágrima?
Será que ela se fantasia de sereia
só para se confundir com o mar?

Será que ela finge ser cachoeira
Escorre pelo rosto
E deságua no pescoço?

Quando vem sozinha
Dói
O olho
Retorno
Para as que já virão em bando
Como uma serie de ondas.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Os malucos ficam loucos dentro do hospício?

A felicidade não é de hoje
É de ontem
Mas ainda há flores em seu cabelo
Ainda há purpurina em seu rosto.

A tristeza não é de ontem
É de hoje
Mas não há lágrimas em seu rosto
Seus olhos já estão secos.

O devaneio não é de agora
É de sempre
De antes, do futuro.

Sua vida não é essa
É um girassol de plástico
Ou de uma personagem de cenário americano.

Já o canto do canário
Esse sim, é de agora
Ou de um devaneio bobo
dentro do branco e gelado
quartel do quadro negro.

domingo, 29 de março de 2015

Duas vezes já foi

JÁ ERA I

Já era!
Mesmo antes de ser
Já era.




JÁ ERA II

Mesmo se não fosse essa
Mesmo que fosse em outra era
Já era!
Mesmo se não fosse
Já era!

Essa frase que me martela
Já era
Toda responsabilidade
Toda verba
Já era!

O ato que se cancela
Já era!

Agora é
Mas já era. 

quarta-feira, 11 de março de 2015

quinta-feira, 5 de março de 2015

No ritmo do carrocel

Sapateado
no taco

No ritmo
step leve

Só quer ser feliz
até os pés
girando num carrocel
de couro preto

Só a dança
se esquecendo e amando
o que ainda está por vir.

terça-feira, 3 de março de 2015

Rotação

Pare
Espere
Espaireça
Não esqueça

E se hoje eu controlasse o tempo?
O mundo preso
Por um momento
Sem células nervosas ou neurônios


Numa foto
Só se sente por fora
Como quem assiste abobalhado
Buscando algo
Que já passou

Mude
Estude
Escute
Escudo

Mudo
Ouço os ruídos do mundo
Girando sem se cansar
De correr e voltar par o mesmo lugar

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Saudade do não-vivo

Eu sinto saudade
de ler
do que não vivi
do que não inventei

Sinto saudade
da organização que nunca segui
das regras que descumpri
Das palavras que me fugiram aos lábios
E no olhar me arrependi

Sinto curiosidade
em que não fui
Do que passei
do que passou
e não voltará nem em passos de dança.

Sinto saudade do
fim inacabado

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Superlotação vazia


Me sinto limitada
Como as cores
que existem.

Por isso, o preto me satisfaz
Numa tentativa
Que insiste
em se tornar
um infinito
interminável
interminado
branco.

Ainda acredito
que andando nesse nada
verei um prisma
e por ele encontrarei
a cor
que me falta
que acorda e dá corda no meu coração
Que eu sei
que é ela que me falta
para pintar
o quadro perfeito
A Tela Branca.


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Água com açúcar

Corpo de chão
Como estrelas que morrem
E vagam pelo espaço como poeira.

Corpo de chão
Como folham secas
Que se tornam apenas matéria orgânica.

Corpo de chão
Dos que dormem sem referencial.

Corpo de chão
É a poesia na língua da química
Para quem repara no momento que pintam sua tela
com um gráfico.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Poema no papel higiênico

Rolo, roda
É tudo frio
Mas os ventos voam
E mudam
Mudos.

Mudas de pensamento
Com sistema nervoso pequeno
Que sangra e chora
E se embola

No rolo
Rodo
Bolo
De papel higiênico

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A luz invisível

Voei junto com a luz
Ofuscada pelas estrelas
transformadas em móbiles

Na realidade do fogo
que nos cega
E atrai
Como sereias do céu.

Que levanta seu véu
no beijo da morte
E num corte
Se escapa
Perdendo conteúdo
para os que não veem.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Infinito

(...)
Aqui estou parado
eu
Na boca do infinito
inexistente
Que me percorre

Como louco
pulo e rio
E caio no chão
de sentimento inexistente
Sentimento do meu infinito

Percorrido por
milhares de infinitos
Que se limitam á minha memória.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Renascimento

Eu não entendo essas pessoas
Que falam falam falam
E não querem dizer nada

Eu não entendo essas pessoas
Que gritam para serem escutadas

Ser adulto, complexo, problemático
é tão fácil
Difícil é ser criança, simples.

Ah quando eu voltar a ser criança!
Minha felicidade vai caber
dentro de um bambolê
Quando eu voltar a ser criança
Vou correr o mais rápido possível
Só para sentir o vento no rosto
E um mundo velho ficando para trás
Como a minha infância.