terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Saudade do não-vivo

Eu sinto saudade
de ler
do que não vivi
do que não inventei

Sinto saudade
da organização que nunca segui
das regras que descumpri
Das palavras que me fugiram aos lábios
E no olhar me arrependi

Sinto curiosidade
em que não fui
Do que passei
do que passou
e não voltará nem em passos de dança.

Sinto saudade do
fim inacabado

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Superlotação vazia


Me sinto limitada
Como as cores
que existem.

Por isso, o preto me satisfaz
Numa tentativa
Que insiste
em se tornar
um infinito
interminável
interminado
branco.

Ainda acredito
que andando nesse nada
verei um prisma
e por ele encontrarei
a cor
que me falta
que acorda e dá corda no meu coração
Que eu sei
que é ela que me falta
para pintar
o quadro perfeito
A Tela Branca.


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Água com açúcar

Corpo de chão
Como estrelas que morrem
E vagam pelo espaço como poeira.

Corpo de chão
Como folham secas
Que se tornam apenas matéria orgânica.

Corpo de chão
Dos que dormem sem referencial.

Corpo de chão
É a poesia na língua da química
Para quem repara no momento que pintam sua tela
com um gráfico.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Poema no papel higiênico

Rolo, roda
É tudo frio
Mas os ventos voam
E mudam
Mudos.

Mudas de pensamento
Com sistema nervoso pequeno
Que sangra e chora
E se embola

No rolo
Rodo
Bolo
De papel higiênico