terça-feira, 3 de setembro de 2013

Quando a saudade aperta

Quando a saudade aperta você sente, você sabe que seu coração tá pequeno e que você gostaria de estar com essa pessoa, e meu Deus, ela tá a 1.125,13 quilômetros de distância.  Sim, eu pesquisei. Eu queria ouvir um bah bem alto e depois ela falando "Ele falou isso pra ti?" Essa segunda pessoa com erre puxado e uma cantilação inconfundível.
Ai, queria estar com a minha amiga que tanto importa pra mim e queria ensiná-la a ouvir funk descente, funk carioca, nada de funk do Sul. Rir das bobeiras e claro fofocar. Tentar imaginar como é a Redenção, a comida, as pessoas, o frio que não se compara enquanto você conta como se fosse a tua casa.
Muita, mas muita saudade de ti, guria.
Enquanto você rouba a minha carioquês, eu roubo a tua gauchês, já me perguntaram se eu era gaúcha esse mês. Mas é assim, amigas pegam o jeito de falar uma da outra. É interessante como a gente gosta de pessoas que moram longe, e por mais que sejamos tão diferentes e de mundo mais ou menos diferentes me sinto interligada á você de um jeito estranho.
Esse foi o meu jeitinho estranho de contar como eu estou com saudade e como você é importante para mim.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Exílio do Barraco

Minha terra tem costureiras
Que estão a trabalhar;
As mulheres que aqui trabalham
Não trabalham como lá.

Minha terra tem horrores
Que não voltaria a encontrar
Aqui trabalho dia e noite
Mas comida não encontro lá.
Minha mãe é costureira,
e está a trabalhar.

Não permita, Deus, que da pobreza morram
Antes que minha mãe possa encontrar,
sem ver meu irmão sozinho a assaltar
Sem que eu aviste as mulheres
Que continuarão a trabalhar.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Amor de boneca

Criança apaixonada, por que teus olhos brilham tanto?
Quem te causou tamanho encanto?
Diga-me, criança apaixonada!

Comigo carrego a esperança
Foi alguém?
Que te encantou com a dança?

Quem é? O que é?
É você mesma, criança?
É por sua boneca?

Ai criança,
que cansaço,
Vamos voltar para sua soneca?

Coragem

Tenho medo, vivo do medo. O compro e o vendo. A vida inteira com medo. Medo da morte, da vida, de dormir na hora errada, de acordar e me arrepender.
Tenho medo de julgar e ser julgada. Quero ser feliz, tenho medo e não ser e não saber. Somos livres para fazer as escolhas que quisermos, e se estou escolhendo a errada? E se durante a minha vida eu escolhi tudo errado?
Meu corpo é um casco onde escondo as minhas incertezas, que são feitas de medo, assim como a coragem.
A coragem é dizer "oi" para o medo e tentar viver com ele, até ele ficar pequenininho. E te tirar da cama chovuso no domingo chuvoso e te fazer ter certeza.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

lua

O lua, tu que és tão linda
ó lua, tire-me daqui,
E leve-me a ti.

Lua, lua, lua
Lia, lia, liam.
Que palavras lindas elas escreviam.

Olhando a lua.
Tão linda,
Linda de ver e escrever.

Ai, lua,
não vês que estou apaixonada?
Então, venha aqui lua, venha.
E acabe com a alma desapontada.

A menininha de chorar

Era uma vez, uma menina que sonhava em ser poeta. Passava todos os segundos contando letras, decorando palavras novas. Buscando em seus sentimentos tudo que poderia transmitir, transbordar.
Seu maior sonho era que chorassem enquanto lessem seus poemas. Queria aparecer, sim, queria aparecer. Era um insaciável desejo por carinho. Queria ser elogiada, adorada, ter um nome, ser amada.
Um dia tomou coragem, sentou em sua mesa e procurou o maior número possível de palavras difíceis. Procurou todos os seus sonhos, desejos e medos.
Nunca escrevera poesia antes, mas já poetizara. Já era poeta. Escreveu, apagou, escreveu. E juntou o pozinho da borracha com suas ideias e passou para o papel. Pronto, encheu-se de orgulho. Ninguém viu, se importou e chorou além dela. Mas a partir desse dia a menininha sonhadora pôde se amar, junto com seus personagens.

domingo, 4 de agosto de 2013

Chat

Abro a conversa. Olho. Minimizo. Passeio pelo feed. Abro de novo, leio conversas mais antigas. Nossa, não devia ter dito isso, ai, esse dia foi muito legal. Começo a ler o texto que devo ler, não tô prestando atenção, desisto, leio os comentários, não quero. Olho aquela conversa, parada há quase um mês. Que saudade que eu tô. Quero perguntar, mas dá aquele medinho. Leio o texto, dessa vez consigo ler, bem interessante.
Vamos lá, a coragem tá quase vindo, lembra que ele vivia me dando conselhos, quando um era importante para o outro. Por que deixamos de ser? Por que agora parece que somos pessoas de mundo diferentes? Ei, eu quero falar contigo.
Todos esses motivos parecem válidos, então por que eu tô aqui só olhando o chat? Será que tem mais alguém interessante online? Eu quero falar com ele, mas ele quer falar comigo? Vem coragem, vem coragem, vem coragem.
Ela me toma aos dedos. Foi, parece um alívio, mas será que ele vai responder? Por que ainda não visualizou? Espera, espera, espera.
Ele responde, comemoro. Agora é só esperar fluir, ou inventar uma desculpa boba. Não, vamos deixar fluir, vamos fazer diferente dessa vez, até porque as coisas não se repetem e é claro, para fazermos um novo fim, já que estamos começando um novo começo.