sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Fingimento

A secura da garganta vai dominando a fala, vai contaminando, o seco amarga o texto, o vermelho cobre o papel. O mel que finge adoçar com a pontada que uma abelha pode dar.
Os disfarces da vida, o fingimento que finge ser bom, o texto que finge ser poesia, a dança contemporânea que finge ter mensagem, os protestos que fingem ter causa, os sentimentos que fingem ter lógica, os sonhos que fingem ter motivos.
O instinto do homem, o fingir, os ataques, os primatas, neandertais, tanto faz. Fingimos que classificamos para o bem, fingimos que ajudamos os outros, fingimos que nos importamos enquanto apenas somos peças de um mesmo jogo, cada um com o seu jeito de ganhar, mas todos tem a sua missão, podemos fingir ou não. Fingir que não fingimos ou apenas fingir para fugir.

Um comentário:

  1. Menina Rebeca, você está um sucesso total! Que texto ótimo!Não sei qual vai ser sua profissão, mas certamente você vai ser um sucesso em qualquer uma que escolher. Só se da bem quem passa a vida assim, mergulhando nas questões que nos fazem humanos, diferentes dos lindos macaquinhos! E escrever bem é um grande diferencial. Parabéns, minha querida!

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